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Resumo e análise do livro: O Auto da barca do inferno de Gil Vicente

    Eu decidi fazer esta analise por 2 motivos primeiro por que eu adoro este livro e o acho divertidissimo, segundo para ajudar aqueles que leram o livro a interpreta- lo melhor, já que a linguagem dele é um pouco complicada por ser antiga.
    Pois bem, vamos começar pelos personagens:
os personagens:

o fidalgo-  representa todos os nobres ociosos de Portugal. Prepotente, veste- se com apuro e vem acompanhado de um pagem que lhe carrega uma cadeira de encosto alto. Os personagens, em sua maioria , trazem consigo referências do que foram quando vivos. Nos caso do fidalgo, a cadeira de encosto, o parjem, e a noção de hierarquia  social dilui- se. Ali, o julgamento é moral. O Diabo, que é sempre o primeiro a receber as almas , convida Dom Anrique, o fidalgo, a embarcar. porém, ao saber do destino do  batel , o nobre zomba do convite.
mesmo depois da morte , o fidalgo demonstra a arrôgancia prepotente típica da classe a que pertence . Além do mais , julga-se merecedor da  recompensa divina, pois deixou na vida quem reze por ele.


Onzeneiro ambicioso- Representa os infiéis , que são alheios a fé cristã ; é o agiota que traz consigo uma enorme bolsa vazia, em que  guardava o dinheiro que roubava  das pessoas quando vivo. O Diabo o cumprimenta esfuziante e o trata  por "meu parente". O onzeneiro queixa -se por estar sem dinheiro. O Diabo indica - lhe a barca infernal mas o agiota , ao saber do destino da embarcação, recusa -se a entrar, indo em direção ao batel da glória . O Anjo  o despede, acusando-o pelo exercício da onzena :"Ó onzena, como és feia/ e filha da maldição".

o ingênuo joane -representa o povo português, rude e ignorante, porém bom de coração e temente a Deus. Quando chega ao cais , o Parvo é poe instantes iludido pelo Diabo, que o quer embarcar. Porém, quando é informado do rumo do batel, joane desata um grosso e engraçado xingamento ao Diabo, recheado de pragas e palavrões.

o sapateiro ladrão - Representa os metres de seu oficio. O sapateiro entra carregado de pesadas formas, instrumentos de trabalho que o identificam. Ao saber do destino do batel infernal, pergunta ao Diabo onde esta a barca dos que morreram confessados e comungados. Porém, o arraias  do inferno lembra - o de que por 30 anos , roubara o povo com seu oficio. O remendão ainda recorre ao anjo mais sem sucesso.

o frade namorador - representa os maus sacerdotes. Esta personagem traz consigo a namorada Florença . suas roupas são ambíguas . Além das vestes sacerdotais, o frade apresenta -se com instrumentos próprios para a prática da esgrima. Além de mostrar - se hábil nesse esporte, ainda se revela conhecedor da arte da dança e do canto populares. O Diabo, muito alegre, recebe o casal com graça e convida- o a embarcar. O frade espanta- se . como ele , um religioso, poderá ser condenado? Sempre ao lado de sua namorada, o padre recorre ao anjo. Mas este, num silêncio reprovador , nem sequer lhe  esboça uma palavra. muito apegado aos prazeres do mundo , o frade demonstra em cena uma preocupação verdadeira com a  namorada florença. Essa postura mais humana o aproxima , como personagem, do fidalgo.

a alcoviteira Brísida Vaz -alcoviteira (cafetina), simboliza a degradação moral e a feitiçaria popular. Ela chega ao cais e recusa- se  a entrar na barca do Diabo. Declara possuir joiás e apretechos usados em feitiçaria. contudo, seu maior bem são "seiscentos vigos postiços". O correspondente atual mais próximos do arcaico "virgo" é hímen. Com isso , a fala da alcoviteira revela  que ela prostituíra 600 meninas virgens. Misto de cafetina e feiticeira , Brísiada vaz aproxima - se do Anjo e procura  convencê- lo a embarca- la  com um discurso sedutor, próprio  da arte amatória que tão bem conhecida na prática  da prostituição . Mas é o Diabo quem a recebe co gentileza , pois lhe encanta muito a sordidez deste personagem.

O judeu rejeitado- representa os infiéis, que são alheios a fé cristã. Aproxima- se do batel infernal carregando um bode ás costas. O bode é a insignia do judaísmo. O Diabo, que até então estava sedento de almas, atende com má vontade o judeu. Este, por sua,ao conhecer o rumo da barca, quer embarcar. Mas é reijetado  pelo Diabo sob´pretexto de não aceitar o bode em sua barca. O judeu  tenta suborná- lo, por não pode se separar do animal. Pede, sem resultado , a intervenção  do fidalgo, com quem tinha negócios. O comandante infernal sugere ao judeu a outra barca, mas joane o impede de o aproximar do Anjo, recriminando -o por haver desrespeitado a religião católica . Por instantes, o personagem é condenado a vagar sem destino pelo cais das almas .No final, o Diabo permite que o judeu e o seu bode sigam numa embarcação a reboque da sua.

o corregedor guloso - representa a burocracia jurídica da época. Equivalentes aos juizes atuais, o corregedor entra carregado de autos (processos), que o carecterizam. Convocado pelo Diabo para fazer parte da barca dos danados, surpreende-se e, para argumentar em defesa própria, utiliza-se de um precário latim forense que  se mistura  ao portugues. Ao detupar o latim , língua dos clérigos e dos advogados, na boca do corregedor , Gil Vicente consegue, alem efeito de humor, demonstrar a inconsistencia  da formação dos homens de lei de seu tempo. Em a conversação, chega ao porto o procurador (advogado do estado), reconhecido  pelo corregedor, já que  no mundo trabalharam juntos.

o procurador corrupto -  Carregado de livros (símbolos ), o procurador é convidado pelo comandante infernal a entrar  na barca dos perdidos. Tal como o corregedor, o procurador  nega-se  a embarcar . Os  dois doutores conversam  sobre os crimes que cometeram e juntos dirige- se ao batel do paraíso. O Anjo não os recebe e maldiz a ação dos burocratas. O parvo Joane também intervem, em latim atrapalhado, para acusar os bacharéis. Os dois homens  de lei vão fazer companhia a Brísida Vaz , que em vida estivera constantemente respondendo a processos judicias.

o enforcado testa-de-ferro - É o simbolo da falta de fé e da perdição.O escrivão Pero de lisboa aproxima-se do batel dos mal aventurados. Traz ainda no pescoço a corda com que se enforcou, acreditam do que assim teria a redenção  de todos os crimes que cometera. O Diabo o desilude. Ao que tudo indica, o escrivão era uma especie de "testa-de-ferro", pois praticara  crimes, no exercício do pŕofissão, sob  o comando de seu chefe Garcia Moniz, poupando-lhe -o nome e repassando-lhe os lucros.

Os quatro cavaleiros de cristorepresenta as cruzadas contra os mouros e a força da fé católica. Trazem armas e uma  cruz, simbolo do cristianismo. São cavaleiros que morreram nas cruzadas. Ao passar pelo batel dos danados, são interpelados pelo Diabo, que os requer "Entrai cá! Que cousa é essa?/ Eu não posso entender isto!" Ao que responde um cavaleiro: "Quem  morre por Cristo/ não vai em tal barca, como essa!" Os quatro cavaleiros são recebidos pelo Anjo em seu batel e assim termina a peça.

 Resumo e Análise de O Auto da Barca do inferno - Gil Vicente 


A barca do inferno prefigura o destino das almas que chegam a um braço de mar onde estão ancorados 2 batéis : um, que se dirige para o paraíso, e outro que transporta almas para o inferno: aquela tripulada pelo Anjo esta, pelo Diabo e seu Companheiro. Neste primeiro Auto Gil Vicente faz chegar à margem as almas  representativas das varias classes sociais e profissionais de seu tempo; a nobreza, representada pelo fidalgo, o clero, representada pelo frade amancebado, a mestrial, pelo sapateiro; a judicial, pelo corregedor e pelo bacharel procurador: a dos agiotas e ladroes, pelo judeu, pelo onzeneiro e pela enforcado, a dos mistificadores, pela alcoviteira. Para estes o destino  é inapelavelmente o rumo de satanás. Não obstante todos argumentem co inúmeras razões o seu direito de embarcar no batel do paraíso, apenas se salvam neste primeiro juízo um parvo (porque "deles é o reino do céu") e quatro cavalereiros - que combateram pela fé de cristo.
     É curioso observar que são 3 destinos e apenas 2 barcas ancoradas: a que conduz ao inferno e a que leva ao paraíso. Gil Vicente consegue fixar admiravelmente aqueles diferentes tipos, apresentados-os na sua autencidade  terrena comprometidos como ainda estão  co seu estilo de vida social ou profissional, ou praticando atos incompatíveis co o seu estado: o fidalgo, rompante e fazendo -se acompanhar de que lhe trans porta uma cadeira, o sapateiro, que pretende ingressar na barca com suas ferramentas de trabalho, o judeu, com o bode ás costas; o onzeneiro, com seu bolsão abarrotado, o frade, acompanhado de sua amante e portando armas de esgrimas (as ordenações proibiam aos frades o uso de armas); a alcoviteira, co seus instrumentos de feitiçaria e cirurgia genital; o corregedor co seus processos, a manipula a justiça consoante as propinas  recebidas. Gil Vicente não perde o ensejo para localizar um aspecto do suborno: a mulher do corregedor estas almas trazem, portanto, da terra, os instrumentos da própria culpa. Apenas o parvo e quatro cavaleiros nada trazem: os pobres esprítos têm uma destinação evangélica já garantida para o reino ao bem- aventurança; e os cavaleiros de cristo estão seguras na confiança que lhes dá a conciêcia se seus feitos nas partes d' além. O texto nos mostra dois extremos onde de um lado -estão aqueles que já em vida foram eleitos  pelo senhor (parvo, quatro cavaleiros da fé); e de outro - pelo frade cujos pecados são ta,anhos e cujo divorcio do reino de Deus é tão profundo, a ponto de ser ele a única ala a não merecer audiência do arraias do céu na barca da gloria..  o Frade era o que vinha mais pejado: trazia pela mão apetrechos de esgrima (espada, broquel, capacete) pratica proibida aos clérigos pelas ordenações; apresenta-se desde o inicio assobiando a música de uma passeada (o tordião), típicas dos salões palacianos; e considera que a remissão de suas culpas está em relação direta com o numero de salmos recitados. O cômico do auto ressalta, não do inesperado das situações ou da  modificação do automatismo, mas tão somente da caracterização dos personagens estilística das diferentes personagens, cujo comportamento é um retrato vivo de sua realidade terrena, e a beleza da peça reside, portanto, no realismo dessa caracterização dos personagens , intimamente vinculadas  a realidade material e á sua condição linguística. É  realmente admirável o realismo linguístico do autor: a linguagem do parvo, caracteristicamente desconexa, chula e aś vezes sibilina, a do judeu, com suas tipicas estropiação fonéticas e morfológicas, a do frade, acostumado á sua terminologia interjectiva de juras e invocação á providência, como formulas inturamente vazias de sentido, o do corregedor, entrelaçando na sua gíria profissonal em latim macarrônico (sempre com o intuito de impressionar os incautos) ; a da alcoviteira, astuciosa,lisonjeira e galantemente hipócrita: a peça vale pela palpitante atualidade com que Gil Vicente passou em revista a sociedade de seu tempo, espectadora da própria representação, e advertida numa lição edificante, dos pecados que a privam da sua salvação eterna.

*A obra expõe elementos da transição  entre idade média, renascimento, reliosidade e antropocentrismo.
* É uma peça teatral do humanismo portugues significa que é uma obra do período de transição entre a cultura medieval e a renacentista.
* É importante diferenciar idade média e os momentos de renacentismo do livro .
*Os elementos medievais são: as referencias religiosas, imagens de Deus e do Diabo; a estrutura  do texto: era muito comum  versus na época, e isso usa- se no livro todo." Auto" designação para peça pequena representação teatral ( também comum na idade média).
* já o antropocentrismo e o interesse de Gil Vicente em abordar questões da sociedade humana construindo os tipos, são do renascimento.
*A peça progride em uma estrutura repetitiva onde um personagem chega ao local onde estão duas barcas um vai pro céu outro pro inferno. entra em uma das brcas; e chega outro personagem e assim se sucede.
*A peça que primeiro recebeu o nome de auto da moralidade  ficou conhecida como auto da barca do inferno talvez tenha este nome por que quase todas as almas tem como destino a barca do inferno.
*Cada alma é punida por um único pecado simbólico.
                           
                                           PECADOS
fidalgo - é condenado a barca do inferno por ter levado uma vida tirana cheia de luxuria e pecados.
onzeneiro- condenado pela ganancia, usura e avareza.
parvo - por causa da sua humilde e modéstia sua sentença é a glorificação.
sapateiro - é condenado por roubar o povo com se4u oficio durante 30 anos e por sua falsidade religiosa.
frade - condenado por seu falso moralismo religioso.
brísida vaz - uma mistura de feiticeira com alcoviteira condenada por pratica de feitiçaria,prostituição e alcovitagem (servir de intermediario em relações amorosas).
judeu- desrespeito ao cristianismo.
corregedor e procurador - condenado- os ao batel infernal por usarem o poder do judiciário em beneficio próprio.
enforcado - corrupção nos meios burocráticos.
quatro cavaleiros que morrem nas cruzadas - O fato de morrer pelo triunfo do cristianismo garante a esses personagens uma especie de passaporte para a glorificação.