Rebeldes armados estão massacrando e comendo gorilas das montanhas na República Democrática do Congo, de acordo com informações de ativistas ecológicos. Até agora foram localizados os restos de dois gorilas desmembrados, de acordo com voluntários de organizações de proteção à fauna que trabalham na região. E há temores de que número ainda maior dos animais, que enfrentam perigo crítico de extinção, tenha sido abatido, segundo Emmanuel de Merode, director do WildlifeDirect, grupo conservacionista que opera no Quénia e no Congo.
"O fato de que dois gorilas tenham sido mortos sugere que tenham sido tomados deliberadamente como alvos", diz De Merode. "Suspeito que exista certa dose de vandalismo". Restam apenas cerca de 700 gorilas das montanhas vivos no mundo. Mais da metade deles vive na região montanhosa de Virunga, uma área vulcânica que fica na fronteira entre Congo, Ruanda e Uganda. Os dois gorilas que foram mortos e comidos eram machos adultos de uma variedade conhecida como "silverback".
A segunda morte aparentemente ocorreu em 11 de Janeiro, mas os guardas do parque Virunga só a descobriram esta semana, ao localizar a cabeça e os pés decepados do gorila, bem como partes de sua pele e outros detritos, abandonados em um buraco cavado para uso como latrina em um acampamento rebelde.
"O cheiro era terrível", informa Robert Muir, um conservacionista da Sociedade Zoológica de Frankfurt, na Alemanha, que percorreu a região na companhia dos guardas. "As investigações continuam, mas parece provável que os gorilas tenham sido mortos para servirem como comida", acrescenta.
"Não suspeitamos que porções dos corpos tenham sido levadas como troféus ou para venda no mercado negro. O primeiro gorila morto foi identificado como um macho de 18 anos, conhecido como Karema. O nome significa "deficiente" ¿o animal havia perdido sua pata dianteira esquerda, possivelmente em uma armadilha de caçadores clandestinos, segundo Ngobobo.
Karema estava costumado à presença de humanos, porque era parte de um grupo visitado regularmente por turistas antes que irrompesse a guerra civil do Congo, em 1996. "Ele morreu vítima de uma espécie em que confiava completamente", diz Ngobobo.
O desmembramento grotesco ecoa as atrocidades humanas praticadas na vizinha Ruanda durante os massacres étnicos de 1994, acrescentou Ngobobo. "Esse mesmo ato terrível foi cometido contra seres humanos durante o genocídio de Ruanda", escreveu ele no blog.
O grupo rebelde a que vem sendo atribuída a culpa pelo massacre é a União pela Democracia Congolesa ¿Goma (RCD-Goma), que abarca cerca de dois mil combatentes liderados por Laurent Nkunda. Nkunda está sendo procurado pelo governo congolês por crimes de guerra e crimes contra a humanidade. No ano passado, outra milícia rebelde, conhecida como Mai Mai, foi responsável pela morte de centenas de hipopótamos ao longo da costa do lago Edward, também no Parque Nacional Virunga.
De lá para cá, o Congo realizou com sucesso suas primeiras eleições democráticas em mais de 40 anos, o que suscitou esperanças de paz no país devastado pela guerra. "As eleições transcorreram notavelmente bem, considerada a situação", diz Ian Redmond, consultor chefe do Projecto de Sobrevivência de Primatas, apoiado pela ONU. "Mas continuam a existir facções rebeldes que não aceitam a paz". As perspectivas de um acordo de paz entre o RCD-Goma e o governo melhoraram, recentemente, ele afirma. Enquanto o acordo não surge, os grupos de defesa da fauna estão pedindo ajuda da comunidade internacional para evitar a morte de novos gorilas.
Os grupos também solicitaram que a ONU ofereça assistência adicional aos guardas do parque Virunga, 97 dos quais foram mortos em terras do parque de 1996 para cá. Os guardas não puderam proteger os gorilas das montanhas porque grupos de rebeldes bem armados haviam ocupado os postos de vigilância, diz Redmond. "Os guardas podem ser bastante eficientes para enfrentar caçadores clandestinos, mas o mesmo não se aplica quando esses caçadores são soldados bem treinados e bem armados", afirma.
Redmond lembra que caçar gorilas não é difícil, para começar, porque os animais deixam uma trilha clara em sua passagem pela floresta. "Os dois gorilas mortos cresceram em grupos habituados ao turismo, o que significa que matá-los era muito fácil", afirma.
O turismo foi um ingrediente essencial para o sucesso na conservação da população de gorilas do parque Virunga nos últimos 25 anos, segundo Redmond. O número de animais subiu a 380, ante 240 no final dos anos 70, quando ele primeiro visitou a região. Mas o turismo acarreta um risco: "Se você não pode proteger os gorilas, eles se tornam muito vulneráveis", diz. "Os rebeldes podem simplesmente eliminar para usar como comida todos os grupos de gorilas habituados à presença humana, o que seria catastrófico. Cada exemplar representa praticamente 0,25% da população total".
Mesmo que os rebeldes abandonem as flores dos gorilas, acrescenta Redmond, "seria preciso apoio internacional à reconstrução, porque os postos de vigilância foram saqueados e grandes danos causados".
gorilas- das-montanhas:- onde vivem: Congo, Ruanda, e Uganda.
- situação: hoje existem apenas 700 exemplares.
- por que a espécie esta sumindo:
- durante a guerra civil em Ruanda,entre 1990 á 1994, os parques nacionais
- essa foto é couro de animais em extinção sendo vendido na África...
O uso de tecidos, órgãos e glândulas de animais na medicina, a opoterapia, é um costume arraigado na cultura da China há muito tempo. Os chineses atribuem aos ossos do tigre poderes antiinflamatórios e aos testículos, propriedades afrodisíacas. Um tigre morto e dividido em pedaços pode render até 50 000 dólares. Os animais selvagens também vão parar na mesa das populações pobres da África. Para muita gente, sua carne constitui a única forma de adicionar proteínas à dieta.
A experiência mostra que as ações de proteção aos animais e os parques de preservação são eficazes para evitar a extinção das espécies. As baleias jubarte, que costumam aparecer na costa brasileira, quase foram extintas nos anos 60. A pesca fez sua população cair de 200 000 para 15 000 animais. Com a ação de grupos de proteção, hoje já existem 35 000 baleias jubarte nos oceanos. No sul da África, a população de rinocerontes-brancos, que há um século era de apenas cinquenta, está em 11 000, graças à criação de parques nacionais e ao remanejamento de animais. A preservação de espécies não é tarefa fácil. Cada uma exige um projecto especial, dependendo de suas características e das ameaças sofridas. Em vários países africanos, especialmente no Quénia, a opção para evitar a extinção de animais foi investir no turismo, transformando os safaris de caça em safaris fotográficos. Assim, as populações locais e estrangeiras se conscientizam da necessidade de manter os animais vivos. O mesmo foi feito no Parque Nacional de Virunga, onde os turistas pagam 500 dólares para passar uma hora ao lado dos gorilas e fotografá-los. Mesmo assim, os animais do parque congolês continuam a sofrer as investidas dos caçadores e, como se viu após o massacre de nove gorilas, dos capangas dos donos de madeireiros.
hoje em dia há 7700 de animais ameaçados de extinção, alem dos gorilas que são os casos mais dramáticos...
- e aqui fica um apelo para que salvem os gorilas....
- se voce gostou deixe o seu comentario....
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